O ATOR COMPLETA DEZ ANOS DE CARREIRA EM SUA MELHOR FORMA: CONQUISTA PROTAGONISMO NA TV COM UM PERSONAGEM QUE DEBATE O PRECONCEITO RACIAL
POR GRAZIELA SALOMÃO
Ele roubou a cena em O Outro Lado do Paraíso, trama das nove da TV Globo, como o delegado Bruno. E não foi apenas pelo lado galã e por seu talento. A paixão inter-racial por Raquel, interpretada por Erika Januza, ganhou repercussão e foi shippada nas redes sociais com a hashtag #Bruquel. Aos 31 anos, Caio Paduan, que já foi protagonista da série adolescente Malhação e fez testes para viver o Mancha Solar na produção hollywoodiana X-Men, se vê no momento mais bombado desses dez anos de carreira. Aqui, o ator fala sobre fama, machismo, medo de envelhecer e, claro, cuidados com a beleza. “Não sou muito encanado com isso não”, afirma. Confira o bate-papo!
Seu personagem ganhou destaque e carinho do público na novela. Como é sentir esse reconhecimento? É muito gratificante. Há um longo processo na vida de um artista antes de ter um personagem de destaque como o Bruno. Tem muito estudo e dedicação. Falamos sobre questões importantes, passando uma mensagem através do entretenimento. É importante para mim ter a união desses conteúdos.
Como é ver sua trajetória até aqui? Sempre desejou a fama? Sinto muito orgulho. Todo o trabalho e esforço me trouxeram ao hoje. A empolgação é com o futuro e com os novos projetos. Nunca desejei a fama. Ela é uma consequência da minha profissão. Não tenho problema com ela, mesmo que seja incômoda em alguns momentos. Quando nos tornamos artistas, sabemos o que vem no pacote. É uma questão de usar esse espaço para transmitir mensagens importantes.
Já viveu algum relacionamento como o de Bruno e Raquel?
Sim, quando era mais novo tive um relacionamento inter-racial. É natural porque o Brasil é um país com uma mistura de culturas muito forte. Ter preconceito é absurdo.
O Bruno se relaciona com uma mulher em uma posição de poder mais alta do que a dele. Já viveu algo assim? Nunca, mas penso que a admiração e o respeito devem ser essenciais em uma relação! Não teria problema algum e sempre fico feliz pelo sucesso da parceira.
A aparência é uma das ferramentas que o ator usa em seu trabalho. Como lida com ela? No sentido da autoestima é um detalhe secundário quando me preparo para um personagem. Embarco de cabeça na preparação e na essência dele e não me importo em mudar meu estilo. No sentido da caracterização, ela é muito importante porque passa uma veracidade maior.
Quais são seus cuidados de beleza? Não sou muito encanado com isso. Acho que tudo em exagero é prejudicial. Por morar no Rio de Janeiro, uso bastante protetor solar, mas é mais uma questão de saúde. Tenho que ter cuidados com o corpo, pois ele é o meu instrumento de trabalho. Adotei uma alimentação saudável e balanceada, além de fazer exercícios físicos regularmente. Mas sem neuras!
Tem medo de envelhecer? Não! É um processo natural na nossa vida. Quero ter experiências, vivências e só o tempo vai me trazer isso. Envelhecer já foi um tabu maior na nossa sociedade. Hoje as pessoas encaram de maneira diferente esse processo. Os 40 são os novos 30, os 30 os novos 20 e por aí vai.
O julgamento dos outros em relação à beleza já foi uma questão para você? Não. Julgamentos temos a todo momento, vindos de todos os lados. Tenho cuidados com a beleza, mas não gosto de exageros. A vida tem que ser vivida com equilíbrio, esse é o segredo dela. Tudo que leva ao extremo é prejudicial.
Já se pegou em alguma atitude machista sem perceber na hora que estava reproduzindo esse tipo de comportamento? Sim. Nossa desconstrução é constante. Só assim evoluiremos, errando e reparando nossos erros. A educação machista ainda está enraizada na sociedade, mas com informação, maturidade e o auxílio das pessoas certas, conseguimos mudar isso. E são detalhes, como aquela piada de mau gosto que você para de contar, aquele pensamento que julga…
Quais são os novos projetos depois da novela? Em maio estarei em São Paulo com a peça Leão no Inverno.